quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Avaliação: Relato Comentado.

Relato 1: Se um viajante em uma noite de inverno - Ítalo Calvino.

O texto parece ser uma introdução ao livro, no qual o narrador faz um apelo ao leitor, para que ele avise logo aos outros, em voz alta, ou grite, se preciso for, "que não quer ser pertubado, pois irá ler um novo romance de Ítalo Calvino".

Para isso, ele quer que o leitor se acomode confortavelmente e faz sugestões de posições mais cômodas e, curiosamente, entre elas, está a idéia de ler na sela de um cavalo, com o livro apoiado na crina do animal, preso às suas orelhas por um arreio especial.

A seguir, ele passa a se preocupar se as pernas do leitor estão apoiadas, os pés levantados, pois, segundo ele, esta é uma condição fundamental para desfrutar da leitura.

Ele não para por aí, a sua preocupação agora, é que o leitor verifique a iluminação, para que a mesma não canse a vista ou faça sombra na página do livro. Insiste com o leitor se ele não está esquecendo de nada que possa interromper sua leitura então pergunta, se não precisa fazer xixi.

Por fim, ele faz deduções a respeito de que tipo de pessoa esta diante do livro. Julga que o leitor é do tipo que não espera nada de nada, não tem expectativas e, que por fazer tantas renuncias em sua vida, acredita que seja certo, conceber a si mesmo, o prazer da expectitativa num âmbito bastante circunscrito que é o livro, pois, nos livros, as coisas podem ir bem ou mal, mas o risco da desilusão não é grave.

Comentário: Quando estamos realmente dispostos a ler um livro tudo que o narrador elencou é banal, (com excessão do xixi). Não percebemos o desconforto, a iluminação, nem mesmo o barulho poderá atrapalhar a leitura. Estamos motivados, e isto é que nos basta. Porém, quando falta motivação, sobra desculpas e, nem o melhor lugar do mundo vai nos convencer a desfrutar da leitura.
Por outro lado, tanta preocupação do narrador, em avisar o leitor para se prepare confortavelmente para ler o livro e, não esqueça de nada que poça atrapalhar sua leitura, pode ser um aviso de que o livro irá envolve-lo, de tal modo, que ele não irá querer parar de ler por nada.
Outro fato que me chamou atenção foi o julgamento que o narrador faz do leitor. Entendo que para ele, o leitor é uma pessoa que não cria expectativas no mundo real, por medo de sofrer decepções. Então ele busca sua satisfação nos livros, onde o risco da desilusão não é grave, ou seja , não irá atingí-lo. Contudo, esse leitor seria infeliz, pois, o risco é o limite entre fracasso e o sucesso; entre a desilusão e um grande amor... Sem correr riscos ele nunca saberá o que perdeu.
(postado por Cristina)




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