sábado, 10 de novembro de 2007

RELATO COMENTADO 2 - "O MILAGRE BRASILEIRO".

O texto é uma obra importante, seja pelo aspecto progressista de seu conteúdo, seja pela repercussão que teve, seja, finalmente, pelo fato de aprofundar e precisar a compreensão de alguns aspectos fundamentais de nosso passado.
É um precioso balanço crítico, oferecendo ao leitor orientações seguras no estudo de nossa história.
O texto de Bóris Fausto, traça um grande painel da trajetória de uma das maiores economias industriais do planeta, privilegiando a história do período republicano.
Trata a história como “uma disciplina vital pra a formação da cidadania”, deixando transparecer o substrato social-democrata que fundamenta sua visão da história.
Bóris Fausto descreve o grande processo social e econômico que desembocou no Brasil moderno, da Nova República.
O próprio sentido de cidadania, implícito no texto, denota as intenções democráticas do autor, que revela também o lugar privilegiado que a conquista da democracia burguesa ocupa nesse relato, onde a luta de classes aparece como um fantasma a ser exorcizado.
"O Milagre Brasileiro", de Bóris Fausto, reflete assim, a ideologia da classe dominante brasileira, com sua visão própria da história do país, com sua crítica de algumas mazelas, com sua concepção de democracia e, particularmente, com um projeto de desenvolvimento adequado a seus interesses.
O enigma que ele se propõe a decifrar não é trivial: Quem é o povo brasileiro? Quem somos nós?
Os interesses e as aspirações do povo jamais foram levados em conta, porque só se tinha atenção e zelo no atendimento dos requisitos de prosperidade da feitoria exportadora.
Nunca houve aqui um conceito de povo, englobando todos os trabalhadores e atribuindo-lhes direitos. Nem mesmo o direito elementar de trabalhar para nutrir-se, vestir-se e morar”. “O que houve e o que há, é uma massa de trabalhadores humilhada e ofendida por uma minoria dominante, espantosamente eficaz na formulação de seu próprio projeto de prosperidade, sempre pronta a esmagar qualquer ameaça de reforma da ordem social vigente”.
No Brasil nunca houve um Estado de bem-estar social.
Não deixa de ser surpreendente que este verdadeiro “estado do mal-estar social” originado da inflação que veio a galope, dando coises nos salários.
O Ministro Delfim Neto, achava que "primeiro o bolo deveria crescer, para depois ser dividido". Aí esta a grande empulhação da ditadura: o Brasil teve um grande crescimento econômico e sua renda per capita ficou bem maior. Mas o bolo foi comido pelos ricos.
Em suma, a ideologia que fundamenta a criação de um verdadeiro “estado do mal-estar social”, é de que os cidadãos não têm mais direitos sociais básicos assegurados e ficam à mercê das forças selvagens do mercado.
Postado por Simara.

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