PROJETO: “EDUCANDO PELA DIFERENÇA PARA A IGUALDADE”.
Chamar a atenção para o caráter simbólico que essa luta assume na atualidade, pretendemos mostrar aos alunos que, em momento algum, os escravos reagiram passivamente à escravidão. Pelo contrário, foram várias as formas que os escravos encontraram de enfrentar a violência do cativeiro. A fuga para os quilombos, a principal delas.
As relações entre passado e presente se dão, não só pela importância simbólica de Zumbi na luta da população afrodescendente brasileira contra o preconceito racial e a exclusão social, mas também pela necessidade de conhecer, respeitar e valorizar as comunidades remanescentes de quilombos no Brasil atual.
Serão trabalhados diversos tipos de textos, sempre de forma dinâmica e interativa, a fim de levar o aluno a construir progressivamente um repertório de informações que lhe permitam compreender o mundo histórico e social em que está inserido e o preparem para intervir ativamente na sociedade.
- Sempre adiantar aos alunos os objetivos das atividades a serem realizadas, para conferir sentido às tarefas propostas.
Para tornar mais significativa a aproximação dos alunos com a abertura deste tema, seria interessante reproduzir a música Upa Neguinho, de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, gravada por Elis Regina em 1966.
Após ouvirem e cantarem a música, problematizar a questão da violência contra crianças, comum ao longo da história, de forma geral, e contra as crianças escravas, em particular: por que a criança escrava mal começa a andar e já começa a apanhar? É correta esta atitude?
Essa atividade é importante para trabalhar com os alunos os valores de ética, com o objetivo de reforçar a formação cidadã.
Vista com “naturalidade” no decorrer da história, a violência contra crianças tem sido, desde o século XX, reprovada e combatida com veemência, principalmente após a Declaração dos Direitos da Criança.
ATIVIDADE DE ESCRITA:
TEXTO I (estímulo gerador) - UPA NEGUINHO..
(MÚSICA)
“Upa neguinho
Na estrada
Upa para lá e para cá
Vige, que coisa mais linda,
Upa neguinho começando a andá
Começando a andá,
Começando a andá
E já começa a apanhá!”
Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri.
RODA DE CONVERSA:
A) Quem é a personagem principal?
B) Essa personagem era livre ou escrava?
C) Como era tratada?
D) Você já viu criança trabalhando? Onde?
E) Como viviam as crianças escravas?
TEXTO II - HISTÓRIAS DA PRETA.
(PARADIDÁTICO)
“Os navios saíam abarrotados da África, cheios de pessoas que eram compradas ali e vendidas em outro lugar.
Durante a travessia, alguns dos apanhados conseguiam se jogar no mar: era preferível escolher morrer a viver escravizado. Outros eram atirados do navio, porque tinham ficado doentes. Até de tristeza eles morriam – uma tristeza chamada banzo, que era a falta que sentiam de sua terra, de sua casa. Depois do desembarque, alguns comiam terra até morrer, e muitos morreram de tanto trabalhar. E era só lutar para não serem escravizados, era só resistir que morriam de apanhar de chicote e outros instrumentos piores.
No Brasil, alguns escravizados conseguiram fugir e criaram os quilombos, lugares onde podiam recuperar o fôlego. Eram espaços de acesso dificílimo, afastados das cidades e das fazendas. Ali eles tentavam organizar a libertação de outros escravizados, para que voltassem a ser pessoas com direitos.
Ás vezes as nações quilombolas associavam-se com nações indígenas nessa luta. A unidade dos índios como povos inteiros ajudava-os nas estratégias de defesa, e o fato de conhecerem a terra, a geografia do lugar, era outra vantagem.
Mas muitos índios também foram escravizados. A quantidade só não foi maior porque muitos deles morriam no contato com os europeus. Já os africanos, por possuírem conhecimentos de mineração e agricultura principalmente, eram os preferidos dos escravizados.”
Heloísa Pires Lima. HISTÓRIAS DA PRETA. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1998. p. 41-42.
FORMAR AGRUPAMENTOS PRODUTIVOS E DEBATER:
A) Que formas os escravos encontraram de lutar contra a escravidão?
B) Quais reações você verificou neste texto?
C) Cite o motivo que levou os europeus a escravizar os africanos.
D) Além dos africanos, que outros povos foram escravizados pelos europeus?
E) Os povos africanos receberam alguma ajuda na luta contra a escravidão no Brasil?
(Jornalístico)
Em 1670, Zumbi dos Palmares deu início a uma longa luta. Há 118 anos seus ideais permaneciam na batalha travada por abolicionistas. Pessoas que, em 1888, alcançaram uma conquista: os negros estavam libertos. A Lei Áurea era assinada. A guerra entre abolicionistas e escravocratas dava um passo em favor da igualdade. Mas, os escravocratas queriam que os negros permanecessem nas senzalas, afinal, eram mão-de-obra barata. Com a Lei Áurea os negros alcançaram a liberdade, mas não os direitos.
O 13 de maio de 1888 relembra que a batalha dos abolicionistas não foi em vão. O tempo passou e esses ideais não morreram. Prova disso são: em 1951, a aprovação da Lei Afonso Arinos; em 1988, a Constituição declarar em seu art. 5º, que "a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei"; em 1989 termos a Lei Caó que regulamenta o princípio constitucional para combater o racismo; e, em 1997, aprovarmos a Lei 9.459, de nossa autoria, que, entre outras coisas, define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor e de injúria. O Estatuto da Igualdade Racial já foi aprovado pelo Senado e está em debate na Câmara. Vemos que os conservadores de hoje não querem sua aprovação e, assim como os escravocratas de ontem, não querem que os negros ocupem melhores postos de trabalho; tenham acesso às universidades; tenham direito à terra, entre outros. Preferem que os negros continuem figurando entre os mais pobres, com os menores índices de escolaridade e os mais baixos salários.
Para eles, seria um erro o Brasil adotar ações afirmativas que beneficiem o povo negro. Dizem que elas aguçariam o conflito racial. Para nós isso acontece ao mantermos o "status quo".
Hoje a maioria das pessoas lutam em favor da igualdade e da justiça. Queremos que o Brasil avance tal como aconteceu nos EUA. Em 1964, depois de batalhas lideradas por Luther King, o Congresso aprovou os Direitos Civis dos Negros Norte-Americanos. Pensamos em uma sociedade idealizada por King em que as pessoas não sejam qualificadas pela cor de sua pele. Sabemos que não estamos sós nessa luta. O Movimento Negro vem conquistando mais e mais simpatizantes à causa. Tivemos avanços no Executivo, por exemplo, com a criação da Secretaria Especial de Políticas para a Igualdade Racial e a aprovação do ProUni.
12/5/2006 - Paulo Paim* - Jornal O Progresso - Brasil
*(Senador pelo PT-RS)
ATIVIDADES ESCRITAS:
- Imagine que você e seu colega fossem dois jovens estudantes da época da abolição e participassem de um clube abolicionista. Que ações vocês poderiam preparar para ajudar na campanha abolicionista? Escrevam sobre isso.
O QUE MUDOU?
- Como ficou a vida dos negros depois que a escravidão foi abolida?
- Já se passaram mais de 100 anos desde que a escravidão foi abolida. E atualmente, como anda a situação dos negros no Brasil?
- Você acha que a existência de uma lei é suficiente para acabar com as práticas de discriminação racial em nossa sociedade? Dê sua opinião e discuta com seus colegas.
Análise da proposta de Leitura e Escrita.
Verifica-se nesta proposta de aula que os textos remetem a outros textos no passado e apontam para outros, no futuro.
Percebe-se também a intertextualidade, com a presença de diferentes gêneros de textos que permeiam a mesma esfera social e política.
Como os objetivos de leitura interferem na forma de ler o texto, eles foram adiantados para os alunos, para ajudá-los no processo de compreensão.
A proposta possibilita que os alunos sejam os protagonista de seu aprendizado escolar. Quando lêem e escrevem os vários gêneros de textos orais e escritos, que os levam a interpretar e estabelecer significados, eles passam a serem sujeitos ativos no processo de construção de seus conhecimentos.
As atividades propostas fornecem subsídios para que os alunos escrevam. Os subsídios dizem respeito ao conteúdo, ao gênero em questão, aos elementos do contexto de produção (finalidade, leitores, local de circulação do texto, etc).
Também os ajudam a construir suas hipóteses, a respeito do sentido do que lêem e escrevem e os conduzem a terem informação e conhecimento e não somente checar suas compreensões.
Para a compreensão dos textos, ficaram claras as informações prévias como: o seu autor, o assunto, a época em que foram produzidos, os objetivos, conhecimentos de outros textos, a data da publicação, qual sua esfera de circulação e o campo de conhecimento com o qual trabalha, porque estas são capacidades de apreciação e réplica do leitor em relação ao texto.
Estas capacidades são necessárias para que os alunos possam interpretar o texto discursivamente, situando-o. Sem isso, a compreensão de um texto fica num nível de adesão ao conteúdo literal pouco desejável a uma leitura crítica e cidadã onde o leitor não dialoga com o texto, mas fica subordinado a ele.